Tarantino e Tim Roth [Os Oito Odiados]

Na segunda-feira [dia 23 de novembro] o Malditovivant foi convidado para assistir em exclusividade o novo filme de Quentin Tarantino: Os Oito odiados. Depois da exibição do filme, fomos convidados para a coletiva de Imprensa com Tarantino e uma das estrelas deste novo filme Tim Roth.

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Tim Roth foi pouco “acionado” na coletiva, todos os olhos estavam voltados para Tarantino, ele nos contou sobre sua obsessão em manter a qualidade de seus filmes, e confirma que existe uma pressão muito grande sempre que aparece um burburinho sobre um próximo trabalho:

“Eu não tenho nada que me distraia. Não tenho mulher, filhos, só tenho meus filmes. Eu não faço filmes para pagar minha hipoteca, tenho muita sorte em relação a isso, então é só o meu propósito artístico. E eu quero manter meu padrão alto, a expectativa alta. Eu ficaria muito desapontado se as pessoas achassem que não mantive o meu nível num filme”.

Podemos acreditar que esses fatores fizeram o diretor pensar um pouco sobre sua carreira, e por isso teremos apenas mais dois filmes do Tarantino:

“Eu vou parar de fazer filmes depois de dez, então por isso estou contando [Os 8 Odiados] . Eu não faço isso em todos, seria pretensioso demais, e eu sou só um pouco pretensioso”

Excelente parceria

Excelente parceria

Tarantino também prega uma universalidade em seu trabalho, por mais que seja americano, e faça filmes que resgatem um passado [Western] americano, seus filmes fazem mais sucesso fora de seu mercado:

“Eu posso ser um cineasta americano, mas não faço filmes para os Estados Unidos”; “Meus filmes se saíram bastante bem nos Estados Unidos, mas um pouco melhor no exterior” “Apesar de serem em inglês e lidarem com assuntos americanos, não são filmes americanos em si. São para todo o mundo”.

Por vezes na coletiva o diretor foi lembrado da situação dos negros dos Estados Unidos, e Django foi um Western sobre isso, e mostrar o lado dos negros dentro de um gênero que sempre escondeu essa etnia:

“A maneira com que estou lidando com a raça nos Estados Unidos, especialmente a negra, que é basicamente ignorada nos ‘westerns’, ou inclusive com a escravidão, o depois da Guerra Civil. Sinto que tenho algo que dizer”

E mesmo com seu segundo filme de Western, o diretor nãos e considera um Diretor especialista do Gênero, mas um homem quem aprendeu com os diversos filmes:

“Para ser um diretor de Western precisamos fazer muito mais do que dois filmes” “No meio desta caminhada eu aprendi bastante sobre lutas Marciais [Kill Bill], filmar com cavalos [Django], filmar perseguições de carro [Death Proof], sempre um novo aprendizado”

Tim Roth destacou como foi trabalhar com Tarantino ao longo dos anos e suas difenças:

“Hoje sinto que o Tarantino está mais no controle da coisa, percebo o seu olhar enquanto está filmando, aquele olhar que deixa tudo especial”

Bem diferente de Cães de Aluguel [1992] primeiro filme de Tarantino como diretor, onde ele dava alguns toques sobre o enquadramento da câmera e como uma tomada ruim poderia destruir seu filme.

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E claro, Tarantino foi perguntado sobre trabalhar com Spike Lee [Um dos temas que mais foi falado por ai]:

“Só me restam dois filmes, e não vou perdê-los trabalhando com o merda do Spike Lee. O dia que trabalhar com ele será o dia mais feliz da vida desse pequeno merda”

Para fechar o diretor destacou sua própria evolução:

“Desde Kill Bill houve uma evolução para o teatral e o literário nos roteiros, sobretudo nos diálogos” E com excesso de preciosismo ele complementou: “não são para todo o mundo, tem que ter uma voz concreta e senso de humor”.

Por essas e outras ele continua a trabalhar com as mesmas estrelas, ressaltando o valor de Tim Roth e manifestou desejo em trabalhar com Kate Winslet, atriz que ele acredita ser uma das melhores no momento.

Detalhes sobre o filme, só em Dezembro quando o filme será lançado nos Estados Unidos, por aqui ele será lançando nas Férias de Janeiro [ainda sem data oficial].

Malditovivant volta na sexta!

Calabrese, Rock com Terror

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Ano passado em meio a pesquisas sobre novas bandas acabei me deparando com os Calabrese, um trio formado por irmãos e que suas letras fazem referências ao mundo dos filmes de terror. A banda é formada por Bobby [Guitarra e Vocal], Jimmy [Baixo e Vocal] e Davey [Bateria], eles tem como inspiração o Black Sabbath, Type O Negative, Ramones e Misfitis.

Davey, Bobby e Jimmy

Davey, Bobby e Jimmy

A paixão do terror veio na infância, quando os jovens integrantes adoravam ler as revistas dos Contos da Cripta [nunca publicado no Brasil], onde cada edição apresentava uma história mais macabra que a outra. Mas, além disso, Jimmy [o mais velho dos três] teve uma experiência fantasmagórica após um colega de escola se suicidar. Tudo isso levou o foco das letras para o mundo sobrenatural.

Mesmo abordando o tema, o clima da música não chega a ser macabro [como Type O Negative], Calabrese faz a linha do Rock mais divertido e agitado, assim como os Ramones.

A banda surgiu em 2003, quando lançaram seu primeiro EP, Midnight Spook Show, com seis músicas, esse primeiro trabalho colocou a banda no mapa do Rock e a fez ser reconhecida pelos críticos. Mas a consolidação só viria sete anos depois com Dayglo Necros, considerado até o hoje o melhor da banda. O disco é feito com bons solos de guitarra e mostra o aprimoramento da banda.

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Nesse disco a banda cria um personagem “trash” Dayglo Necros que te a missão de destruir a banda, ele é uma espécie de vampiro caveira que aparece nos clipes: Dead Dont Rise e Coffin of Ruins, tentando matar os Calabrese, com ajuda dos seus asseclas.

O disco mais atual da banda foi lançando em Outubro do ano passado, Born With A Scorpion’s Touch. Continua a falar do Sobrenatural, mas as letras não tão irreverentes como o disco anterior, mesmo assim a banda vem fazendo sucesso. Foi por esse disco que eu conheci a banda.

Essa mistura de terror com rock tem feito a banda excursionar por várias cidades americanas e sempre com shows lotados, mesmo pouco conhecida a banda faz sucesso aqui no Brasil, já cheguei a ver gente usando a camiseta da banda [uma grande prova de sucesso]. Mas ainda está fora de cogitação aparecer por essas bandas, mas quem sabe em um futuro próximo.

Se você quer conhecer banda, nada melhor do que começar com essas cinco canções:

The Dead don´t Rise

Sea of dirt

Loner at heart

I ride alone

Coffin of Ruins

Dayglo Necros

Dayglo Necros

 

O malditovivant volta…

Annabelle e suas inspirações [Mês do Terror]

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Dando continuidade ao mês do terror, recentemente fui conferir na tela grande o filme Annabelle, que podemos classificar como um spin off de Invocação do mal de 2013. O filme não tem a direção de James Wan, o homem tem assombrado hollywood com seus filmes ao mesmo tempo que está caindo no gosto dos estúdios por conta do baixo orçamento de seus filmes e do bom retorno financeiro.

No filme Wan assina como roteirista e produtor, a direção fica a cargo de John R. Leonetti, seu diretor de fotografia em Invocação do Mal e na série Insidious [aqui chamada de sobrenatural].

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Logo no inicio somos lembrados do poder da boneca e o que ela representa, para em seguida conhecermos sua origem.

Annabelle era uma jovem que se uniu a um grupo satanista, seu alvo é o jovem casal, Mia que está grávida e John. Os dois conseguem invadir a casa do casal para iniciar o massacre, mas a policia chega para intervir, Annabelle se esconde no quarto de bonecas do casal e vendo que não vai escapar com vida, comete suicídio. A partir disso podemos imaginar o que vem depois.

Fugindo um pouco do padrão dos posts sobre filmes, não vou gastar muitas linhas falando sobre as cenas do filme, achei mais legal trazes algumas curiosidades.

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Uma das coisas mais legal do filme [e ao mesmo tempo bizarra] são as homenagens ao diretor Roman Polanski:

Logo na primeira noite do casal, eles estão assistindo a um noticiário sobre Charles Manson e seu grupo Satânico o Helter Skelter. Em seguida Mia é atacada por um casal de satanista, que tenta matar ela e seu filho, sendo esfaqueada na barriga.

Pra que não percebeu as coincidências, o filme faz alusão a vida de Roman Polanski, que teve sua mulher Sharon Tate, atacada por membros do grupo de Maison e foi esfaqueada na barriga, diversas vezes.

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Mas o diretor trabalha com homenagens “mais tranquilas”, existem algumas referências diretas ao filme Bebê de Rosemary [também dirigido por Polanski]:

A personagem principal [interpretada pela bela Annabelle Wallis] se chama Mia, esse nome é uma clara referência a Mia Farrow que interpretou Rosemary.

O prédio onde se dá segunda metade do filme lembra o claustrofóbico ambiente de Bebê de Rosemary.

Nos dois filmes, a protagonista usa livros de ocultismo para buscar uma resposta para os seus problemas.

Evelyn tem a mesma função que Hutch, os dois tentam ajudar a protagonista acreditando na existência do sobrenatural.

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Tudo isso conspira para um bom filme de terror e um dos que você deve assistir nesse mês das bruxas.

O malditovivant, volta na sexta.

 

 

Drácula: a imortalidade de Bram Stoker e suas criaturas

Hoje inicio o mês de Outubro com o especial: Mês do terror, vou focar em filmes e literatura! Para começar eu convidei a um tempo atrás a querida Luane do blog Le Disperser [Clique aqui e conheça], para escrever sobre o Drácula de Bram Stoker.

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“Seu conjunto facial enquadrava-se no tipo aquilino – aliás, acentuadamente aquilino – graças ao destaque bastante característico de uma arcada nasal alta e fina, em contraste com os orifícios das narinas, arqueadas de forma peculiar. A testa era abaulada e os cabelos, muito profusos nas demais partes visíveis de sua cabeça, mostravam-se escassos, em especial, ao redor das têmporas. As sobrancelhas formavam um traço compacto, praticamente se encontrando por sobre a arcada do nariz e com fios longos que pareciam formar anéis, como se tivessem vida própria. Então, a boca… Até onde permanecia visível debaixo do basto bigode, revelava-se dura e de aspecto cruel, emoldurando dentes alvos e estranhamente pontiagudos.”

Assim é descrito Drácula, personagem que nomeia o livro de Bram Stoker, publicado em 26 de maio de 1897. Vampiros já povoavam o imaginário europeu há muito tempo, mas foi o irlandês quem resolveu oficializar a imagem destas criaturas em um célebre romance epistolar (escrito em forma de cartas), tornando-se a principal referência quando se trata destes seres sobrenaturais.

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A obra, inclusive, inspirou em 1922 a produção do longa Nosferatu. Na época, a viúva de Bram Stoker, percebendo-se de que este se tratava visivelmente de uma adaptação não autorizada, adquiriu (quase) todas as suas cópias e as destruiu, para que não “se aproveitassem da genialidade de seu marido sem o devido consentimento”. (Claro que seu esforço foi em vão, visto que ainda podemos assistir ao filme). 70 anos depois, também foi lançado o longa “Drácula de Bram Stoker”, com um maior apelo erótico e romântico, nem tão fiel. Atualmente, depois de tantas outras versões, Drácula permanece bastante conhecido. Já a história original, nem tanto.

O livro começa com o diário de Jhonatan Harker, jovem advogado de Londres que está a caminho da Transilvânia. Ele é noivo de Mina Murray, mocinha à frente do seu tempo que passa as férias na casa de Lucy Westenra, sua amiga de infância rica bastante bajulada pelos homens da cidade. Jhonatan pretende negociar a venda de uma propriedade em Carfax para o Conde e, chegando à região, ao dizer para os habitantes locais onde pretende hospedar-se, percebe o pavor nos olhos deles. O fato de esta ser a véspera d’O Dia de Todos os Santos, quando “todos os espíritos maus estão soltos”, colabora para isso. Uma senhora, inclusive, entrega-lhe um crucifixo e implora-lhe para que não fique por muito tempo.

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Em uma terra de pessoas extremamente religiosas e em meio ao suposto sobrenatural desconhecido, Jhonatan representa a racionalidade (vale considerar que o conflito razão x emoção era bastante recorrente na época em que o livro foi escrito). Achando tudo muito estranho, passa por outra viagem ainda mais esquisita até chegar ao castelo. Sem quaisquer empregados e de aparência peculiar, Drácula recebe efusivamente o convidado e emenda longas conversas sobre seus ancestrais e seus planos para a Inglaterra. De imediato, também, pede que o advogado escreva para Mina dizendo que pretende ficar lá por pelo menos um mês.

Com o tempo, Harker percebe que toda a enrolação do cliente é intencional: ele é agora um prisioneiro e todas as suas correspondências são interceptadas. Desobedecendo ao anfitrião, começa a explorar outros aposentos e acaba descobrindo o quarto das noivas de Drácula, tendo uma ideia dos horrores aos quais está exposto.

Enquanto isso, o vampiro está em Londres, levando caixões com a terra de seu país através de navios cujas tripulações somem misteriosamente. No diário de Mina, a tranquilidade dos dias de repouso é interrompida com a visão de uma estranha criatura debruçada sobre a sonâmbula Lucy. A jovem está noiva de Lorde Arthur Holmwood, por sua vez amigo de outros dois ex pretendentes da moça, Quincey P. Morris e Dr. Jack Seward.

O último, médico, está particularmente interessado no comportamento incomum de um de seus pacientes do hospital psiquiátrico, R.M. Renfield: o ancião doente está desenvolvendo hábitos estranhos e mencionando um “mestre”. Quando Lucy também começa a ter sintomas perturbadores por algum motivo desconhecido, Jack decide convocar a orientação de seu antigo professor, Abraham Van Helsing.

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A partir daí, a trama se desenvolve brilhantemente, sempre revelada através dos diários de diversos personagens que, não sendo oniscientes, dão ao leitor a misteriosa sensação de que nem tudo o que acontece está sendo percebido.

Repleto de passagens sinistras, “Drácula” justifica seu grande reconhecimento como clássico e sua marca na Literatura, com um protagonista nem um pouco dotado de boas intenções que, não tão inexplicavelmente, conquista gerações até hoje.

O malditovivant volta na Quarta com um novo Post.

Para não errar na Bienal [Escritor – H.G. Wells]

Falta um mês e meio para a Bienal do Livro de SP, por conta disso fui tentado a lançar uma série com dicas de bons escritores e livros para não fazer feio no evento. Você que é um leitor ocasional, a Bienal é a sua chance de expandir seu estilo de literatura e sair da sua zona de conforto.

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O primeiro post fica para o escritor Inglês H.G. Wells, a maioria dos seus livros segue o gênero da ficção científica, mas ele não se apaga a banalidade da escrita, sempre seus contos refletem a sua sociedade e como o homem sempre busca sua destruição.

Um dos clássicos exemplos é A Ilha do Dr Moreau, nela o personagem principal e narrador fica preso em uma ilha e conhece o Dr.Moreau, responsável por pesquisas evolucionárias com animais [animas evoluídos como humanos]. Ao final o narrador consegue escapar da ilha e voltar para a Inglaterra, mas ele não consegue se acostumar com o ambiente, logo percebe que não somos tão diferentes dos monstros da ilha.

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Além desta crítica o livro aborda temas como: Religião, ética cientifica e a evolução, vale lembrar que Wells, estudou com uma dos maiores defensores das teorias de Darwin, o Dr. Thomas Huxley.

O meu livro favorito do escritor é O Homem Invisível [devo o post do livro no blog], nele Wells apresenta uma possível formula da invisibilidade, mas ela não é simplesmente algo inventado, ela é muito bem inventada para elaborar a formula, Wells estudou os princípios de refração de luz para apresentar algo bem possível para o seu leitor.

Além disso, o livro aborda o preconceito e como o poder pode desvirtuar o caráter da pessoa e como somos vingativos.

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Outro livro que merece ser destacado é Kipps, este livro foge totalmente do gênero ficção, nela um pobre e jovem rapaz, descobre pelos jornais que um tio distante morreu e que ele é o único herdeiro da herança. Assim o jovem se torna um novo rico, mas seu passado e a falta de compreensão do seu meio se torna um empecilho para a sua felicidade.

Kipps tenta a todo custo ser aceito e começar a mudar sua maneira de ser, ele se torna então um perfeito cavalheiro, mas acaba descobrindo que a sociedade não quer exatamente isso. O tema central é a sátira a uma sociedade, que nunca prega a sua naturalidade e sim aos jogos de aparência, além da luta do homem para se tornar outra pessoa.

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Principais Livros H.G. Wells publicou:

A Máquina do Tempo – 1895

A Ilha do Dr. Moreau – 1896

O Homem Invisível – 1897

A Guerra dos Mundos -1898

O Alimento dos Deuses – 1904

Kipps – 1905

A Modern Utopia – 1905

Os Dias do Cometa – 1906

 

Wells publicou mais livros, mas apenas estes foram lançados no Brasil, os quatro primeiros foram relançados recentemente pela editora Alfaguara.

 

Para ajudar nas dicas vou linkar o post da Vickawaii sobre o livro A máquina do tempo [clique aqui e leia].

 

O malditovivant volta na segunda