
O filme conta a história de Daniel Mantovani [Oscar Martínez], escritor argentino e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Após sair de sua cidade natal [Salas, pequeno povoado a aproximadamente 800 quilômetros de Buenos Aires] aos 20 anos [e nunca mais voltar], ele se muda para a Europa, onde vive os próximos 40 anos.
Certo dia ele aceita o convite do prefeito de Salas para receber o título de Cidadão Ilustre. O escritor decide, então, cancelar inúmeros compromissos e voltar ao povoado onde nasceu e onde moram os personagens que inspiraram a maioria de seus livros. [Atitude que toma não somente pelo afeto, mas também por vaidade].
Acontece que Daniel é um escritor melancólico que não gosta de dar entrevistas, palestras ou ser fotografado. Ao receber o Nobel de Literatura seu discurso se manifesta contra o mecanismo das premiações e, segundo ele, isso demonstra a conformidade da arte com os preceitos de determinados grupos, principalmente os intelectuais.
Ao voltar para Salas, ele é recebido com um filho, o orgulho da cidade. O autor reencontra Antonio [Dady Brieva], seu amigo de escola, que agora está casado com Irene [Andrea Frigerio], antiga namorada de Daniel. O reencontro é ácido e carregado de uma atmosfera hostil, que tenta ser mascarada com humor e falsa nostalgia.
Durante o tempo que passa em Salas, o romancista percebe que as coisas continuam exatamente iguais ao que eram no passado. Ele nota na comunidade situações que o incomodam, como por exemplo, a contradição entre inocência e ingenuidade, a falsa moralidade, as aparências que se mantém estabelecidas e, as relações que se baseiam em “troca de favores” e chantagens.
Daniel, então, começa a se opor a todo tipo de hipocrisia que o perturba e, gradativamente, o escritor passa a ser odiado pelos moradores da cidadezinha, até ser obrigado a ir embora.
Em O Cidadão Ilustre, o protagonista consegue, ao mesmo tempo, desempenhar uma figura digna de admiração e pela qual podemos chegar a nos apiedar em alguns momentos. Em contrapartida, a repulsa pelo mesmo personagem também se faz presente, em virtude de atitudes moralmente reprováveis, como a vaidade e ar de superioridade em relação à cidade e seus moradores.
O longa, que é carregado pelo cinismo, conta com um humor melancólico que se manifesta por conta da cotidianidade do povoado e de figuras estranhas que vão em busca de Daniel.
A presença do escritor incomoda [ou seja, cumpre a função artística, de acordo com a manifestação do autor]. O Cidadão Ilustre evidencia, sobretudo, a impossibilidade de convivência entre Daniel e Salas.
O Cidadão Ilustre, filme argentino com direção de Gastón Duprat e Mariano Cohn, estreou nessa quinta-feira, 11 de maio.
Meu tipo de filme! Vou correndo ver. obrigada. bjos
Amei!!!! Daqueles filmes em que a gente sai pensando, pensando…impactada.