Por Katia Soze
Quando o primeiro ‘O Chamado’ – remake norte-americano do filme japonês ‘Ringu’, de 1998 – surgiu em 2002, dirigido por Gore Verbinski (de ‘Piratas do Caribe’), seu misto de suspense com terror sobrenatural conquistou não apenas os fãs do gênero, mas também a crítica especializada.
Com uma história repleta de mistério – onde quem assistisse a uma fita de vídeo morreria em sete dias – o filme trouxe um frescor de originalidade ao desgastado gênero do terror, aliado a um visual sombrio, sustos genuínos e surpreendentes atuações (destaque para Naomi Watts e o garotinho David Dorfman), ‘O Chamado’ ainda conseguiu estabelecer um dos primeiros ícones de filmes de terror do século XXI: a assustadora garotinha Samara. Obviamente, todo esse sucesso seria mais que suficiente para que houvesse uma continuação, certo?
Entretanto, mesmo contando com a direção do criador do filme original (o japonês Hideo Nakata), a sequência – realizada em 2005 – pecou muito por ser bem mais previsível e confusa na tentativa de se aprofundar nas origens da vilã. Sendo assim, a franquia foi abandonada por muito tempo até que 12 anos depois, chega aos cinemas brasileiros o novo capítulo dessa história: ‘O Chamado 3’. O filme conta nomes desconhecidos do público tanto na direção (o espanhol F. Javier Gutiérrez) quanto no elenco.
Na história, Júlia (Matilda Lutz) se preocupa quando seu namorado Holt (Alex Roe) vai para a faculdade em outra cidade e desaparece misteriosamente. A investigação a leva até o professor Gabriel (Johnny Galecki, o Leonard da série ‘The Big Bang Theory’), um homem misterioso obcecado pela alma humana e por estudar a mitologia por trás de Samara. Na tentativa de salvarem suas vidas e colocarem de vez um final nessas mortes, eles se unem para descobrir onde tudo começou. E o filme, realmente assusta?
Infelizmente, ‘O Chamado 3’ está muito mais para a previsibilidade do seu antecessor do que para o suspense e terror do primeiro filme. O roteiro é repleto de clichês que nos fazem antecipar praticamente tudo o que irá acontecer na cena seguinte, e nem os famigerados ‘jumpscares’ funcionam – ao contrário do que acontece em filmes como ‘Annabelle’, ‘Atividade Paranormal’ ou ‘Ouija’, por exemplo.
Certamente é muito estranho quando em um filme de terror, o espectador dá mais risadas do que sustos, mas é o que realmente acontece. Os personagens tomam sempre decisões absurdas e o filme nem se esforça em criar momentos de tensão para deixar o público apreensivo e com medo – tanto pela trilha sonora mal utilizada quanto pela catastrófica direção de Gutiérrez.
Na tentativa de tocar em temas como religião ou na relação entre os personagens, tudo é abordado da forma mais simplória possível. Em certos momentos, era difícil perceber se estava vendo ‘O Chamado’ ou a versão satírica ‘Inatividade Paranormal’. Por mais clichê que seja essa frase, é uma pena que Samara e sua franquia tenham alcançado literalmente ‘o fundo do poço’.